Preocupadas em convencer os empresários sobre a competência da pessoa surda, as associações acabam reafirmando e reinscrevendo o surdo na lógica da deficiência. Fazendo isso, elas demonstram em suas práticas que para que haja uma integração, torna-se necessária a intervenção por parte das associações, no sentido de transformar a deficiência em competência, requisito fundamental para a integração no mundo do trabalho. Não estamos aqui desconsiderando a importância das associações de surdos, pois como já vimos elas foram e continuam sendo fundamentais enquanto instrumento de luta pelos direitos da pessoa surda, bem como para a conquista de espaço na sociedade. Porém, o foco das discussões relacionadas ao trabalho e à pessoa surda, deve ser o de informar e divulgar à sociedade como um todo que o surdo é tão competente e produtivo como qualquer outra pessoa, desde que preparado para tal. Ou seja, assim como encontramos pessoas ouvintes que estudam, são responsáveis, buscam se atualizar, que têm disciplina e compromisso com seus deveres, há também pessoas surdas com iguais qualidades. Ao considerarmos esse aspecto, deixamos de lado as generalizações do tipo “todo surdo é competente e produtivo” e reconhecemos que há surdos mais e outros menos preparados para o mercado de trabalho e esta seleção acontecerá naturalmente como ocorre com os ouvintes. Fazendo isso, caberá ao próprio surdo fazer uma avaliação de seu preparo e currículo para a conquista de trabalho e é ele quem decidirá se há a necessidade ou não de buscar seu espaço profissional e como isto será feito.