O trabalho, junto com a família e a escola, representa um importante laço com a sociedade. Através dele o indivíduo pode alcançar a autonomia, independência e dignidade. O trabalho é fundamental para o indivíduo estabelecer laço social no meio em que vive. Portanto, para compreendermos as questões que envolvem o surdo e o trabalho é importante relacionarmos este tema aos demais trabalhados anteriormente. Ao remetermos essas considerações iniciais para a história da surdez verificaremos que essa relação trabalho e surdez passaram por momentos de glória com o avanço dos estudos da escola francesa de L’Epée (1775) onde formou vários surdos pelo continente europeu e para outros continentes, possibilitando aos surdos o exercício do magistério e de outras profissões e por momentos difíceis como no Congresso de Milão (1880) que destituiu as escolas de surdos e tentou exterminar as associações de surdos e a língua de sinais, gerando um prejuízo enorme para a formação acadêmica e, conseqüentemente de trabalho para a comunidade surda ao reforçar a idéia de incapacidade intelectual e produtiva do surdo, gerando sérias conseqüências nas relações sociais, em especial na família. Esta, por absorver os princípios veiculados pela filosofia oralista, passa a olhar o surdo como deficiente, considerando-o incapaz de ser autônomo, de aprender, de ter responsabilidades e assumir compromissos, ou seja, de conquistar a sua independência. Percebemos esta realidade quando deparamos com surdos adultos que nunca freqüentaram a escola, ou o fizeram tardiamente ou ainda, surdos adultos que dependem da mãe ou de outro familiar para acordá-lo pela manhã para se preparar para as atividades do dia (ir à escola, ao trabalho, etc.). Estes são apenas alguns exemplos do quanto os surdos, mesmo adultos, são tratados como eternas crianças; e, muitos aceitam esta condição, se relacionando com a sociedade desta forma (dependentes, sem compromisso, imaturos e irresponsáveis).