Frente a essa realidade além das dificuldades de aprendizagem surgiam problemas emocionais e de comportamento. Os surdos apresentavam uma apatia, um desinteresse e uma aversão pela escola. Muitos não queriam mais ir para a escola; outros iam e permaneciam dormindo em sala de aula; outros brigavam... Conseqüentemente, muitos surdos não adquiriram a terminalidade dos estudos, permanecendo com baixa escolaridade. Também houve um número significativo de abandono da escola, levando o surdo e sua comunidade a uma situação de marginalização social, pois tidos como incapazes cognitiva, emocional e socialmente permaneceram e, ainda hoje muitos ainda permanecem, alienados do contexto a qual estão inseridos. Essa realidade serviu de suporte para aumentar as estatísticas de que o surdo, por ser deficiente, apresenta problemas cognitivos, problemas emocionais e de sociabilidade, reforçando as idéias oralistas da incapacidade e da clínica do déficit. A escola com a proposta bilíngüe vem para subverter essa realidade ao proporcionar uma condução pedagógica pautada no duplo valor político: o político como uma construção histórica, cultural e social e, o político entendido como as relações de poder e conhecimento que atravessam e delimitam o processo educacional. Com isso inauguram a polêmica sobre as identidades, o multiculturalismo, as relações de poder, a questão do ensino especial e, principalmente, alerta sobre o fazer pedagógico no ensino de surdos.