Em relação ao segundo eixo que se refere às relações do surdo e sua comunidade para com o pedagógico nos reportamos aos prejuízos que a condução pedagógica, ou melhor, dizendo que a não condução pedagógica, no caso da educação oralista acarretou para os surdos individualmente e na sua coletividade. O fato de a educação oralista ter privilegiado o ensino da fala através de métodos centrados na reabilitação e pautados na representação social da deficiência deixaram para segundo plano a inserção do surdo no ensino regular. Primeiramente o mesmo deveria ser submetido ao projeto de reabilitação e, ao atingir os objetivos de uma fala razoável, era encaminhado ao ensino regular. Conseqüentemente, o acesso a escolarização se dava de modo tardio. Ao chegarem à sala de aula, ficavam totalmente descontextualizados da idade dos colegas de sala, não compartilhavam a mesma língua do professor e dos colegas, inviabilizando uma interação satisfatória. Não são poucos os depoimentos de surdos a esse respeito. Em geral descrevem esse período como muito sofrido devido a barreira lingüística e ao preconceito e discriminação por parte de colegas e professores ouvintes. Como não tinham acesso a língua oral nem pela oralidade e nem pela escrita, ficavam na sala observando, tentando entender o conteúdo, mas só o conseguindo de modo fragmentado. Tinham dificuldades em interpretação, abstrações e compreensão dos conteúdos apresentados, apresentando grande falta de conhecimento, insegurança na execução de avaliações, falta de leitura do mundo e de conceitos próprios, acarretando num ‘atrofiamento’ de conhecimento que levava a uma dificuldade de assimilação e compreensão.