A escola marca o início de um novo tempo, tempo marcado inicialmente por um sinal recebido, em geral, na escola com o fenômeno do batismo (já descrito em unidade anterior), tempo de aprendizagem da língua de sinais com seus pares, de contato com a história e cultura surda, tempo de sair da solidão e do isolamento ao se depararem com outros iguais a si , percebendo que não são únicos no mundo. Sendo assim, a escola é, na maioria das vezes, a porta de entrada para o início de uma vida social. A partir da escola criaram-se outros pontos de encontro da comunidade surda como: bares, quadras de futebol, praça e a casa de alguns surdos mais velhos. A escola, então, tornou-se um padrão fundamental de transmissão da cultura surda, transmitindo a história e a cultura dos surdos de geração em geraçãoSacks (2002) ao se referir às escolas americanas que funcionam como internatos aponta que: Quando as escolas não funcionam como internato, essa troca lingüística-cultural se dá nos momentos informais como recreios, entrada e saída da escola. O território escolar, quando não marcado pela repressão oralista, possibilitou e ainda possibilita discussões da comunidade surda, a organização de associações de surdos, de protestos contra a discriminação, de luta por direitos... E, como vimos, mesmo os marcados pela repressão oralista, por mais que tentassem calar o surdo ao propor o ensino da fala (oral) não conseguiam calar a comunidade que nos intervalos se reunia e discutia suas questões.