Ao se referir a essas duas abordagens Sanchez (1990, p.50) diz que os que acreditavam na pedagogia corretiva visavam a reabilitação, negando a surdez. Impuseram a condição da oralização para que os surdos pudessem ser merecedores da aceitação social excluindo a possibilidade educativa, de desenvolvimento pessoal e de integração à sociedade, obrigando-os a forjar uma subcultura clandestina, encerrando-se em seus próprios recintos, onde seria mais fácil ignorá-los. Já, os que acreditavam na educação dos surdos foram capazes de ver que os mesmos apresentavam-se atravessados pela linguagem e possuíam uma língua que, embora diferente, era eficaz para a comunicação e lhes abriam portas para o conhecimento e da cultura. Ao longo do século XX continuaram as divergências de opinião sobre a educação de surdos que se definem entre as duas propostas ideológicas: a oralista e a não-oralista instaurando-se instituições de ensino voltadas para as duas propostas. Ao analisarmos as relações do surdo e da comunidade surda na educação recortaremos dois eixos: a representação social da escola para os surdos e sua comunidade e as relações dos surdos e sua comunidade com o pedagógico. Tomando o primeiro eixo percebemos que independentemente do seu percurso histórico a escola, desde que se fez presente na vida dos surdos, extrapolou o pedagógico. Significou e ainda significa mais do que um local de aquisição de conhecimentos científicos acumulados ao longo da história da humanidade; é o local também, onde os surdos se conhecem, propiciando a entrada na comunidade surda e no universo simbólico ao serem apresentados à língua de sinais e a cultura surda.