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psicologia da educação de surdos






Isolamento e exclusão subjetiva

Como já vimos, antes de ter contato com a língua de sinais, o surdo se encontra num ambiente exclusivamente oral onde não há uma língua compartilhada entre ele e seus familiares que possibilite uma troca de experiências. Com isso ocorre um distanciamento entre ele e seus familiares, marcando um isolamento dele no ambiente familiar.
Ao falar a esse respeito os surdos geralmente relatam situações que vivenciaram na família onde os irmãos ouvintes não conversavam com eles, não os convidavam para partilhar momentos em comum como: brincar, conversar, assistir a programas de televisão junto, saírem juntos... Esses fatos denunciam uma separação e uma exclusão do surdo na sua família. Por ser diferente, causa um sentimento de estranheza no meio familiar. A família tem dificuldade de lidar com o estranho, com o diferente e acaba realizando um movimento de afastamento, excluindo-o lingüística e culturalmente.
Muitas vezes esse afastamento por parte da família se deve ao fato da mesma considerar o surdo como deficiente, reproduzindo a ideologia dominante. Esta ideologia que carrega a idéia de incapacidade, de doença, de inferioridade é absorvida pela família que passa a ver o surdo dessa forma. Considerados como “bobos”, sem inteligência, sem capacidade de compreensão por parte dos pais e dos irmãos, estes “não perdem tempo” em explicar conceitos, situações e/ou dúvidas que os surdos possam ter.
E, se o fazem, muitas vezes o repasse das informações acontece de modo reduzido, simplificado, num diálogo rápido, contendo somente o essencial, omitindo-se dados importantes para o entendimento dos fatos, agravando ainda mais a sua inserção no simbólico. Em conseqüência, acabam se afastando e perdendo a vontade de conversar e compartilhar momentos com os familiares.