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psicologia da educação de surdos






Unidade 3 - EFEITOS SUBJETIVOS NA CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA DOS SUJEITOS SURDOS

Percebemos que a língua de sinais e o contato com a comunidade surda estabelecem uma linha divisória em relação à estruturação psíquica do surdo. O sujeito surdo é marcado por limites precisos entre o antes e o depois de ter adquirido a língua de sinais e conviver com a comunidade surda, conforme veremos a seguir.

3.1 Efeitos subjetivos nos surdos que não tem acesso a língua de sinais

Precariedade simbólica

Antes de ter contato com a língua de sinais o surdo se depara com poucos recursos simbólicos para interagir como o meio. Devido a sua impossibilidade de se apropriar da língua materna – a língua oral – e de não ter contato com a língua de sinais desenvolve os sinais caseiros que, conforme já estudamos, são limitados e particulares de cada meio familiar. Os sinais caseiros aliados à percepção visual tornam-se a única forma de se relacionar com situações, conceitos e pessoas. Essa relação, em geral, é pobre devido aos poucos recursos que o surdo tem para desenvolvê-la.
Como conseqüência dessa condição simbólica precária, encontramos uma mobilidade psíquica bastante restrita, comprometendo a sua subjetivamente e o desenvolvimento das operações mentais, principalmente as relacionadas com conceitos abstratos e de tempo e espaço, diferentes daquele conhecido e vivido no presente. Excluído lingüisticamente, fica marginalizado, sem condição de inserção e apropriação da cultura e dos conceitos que estão a sua volta. Não consegue sair desse estado marginal, pois lhe falta as ferramentas para poder construir os conceitos, manipulá-los, fazer cadeias associativas e com isso ampliar os conceitos, ir em frente construindo e desconstruindo conceitos e valores.