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psicologia da educação de surdos
Deparamos-nos então, com uma segunda conseqüência dessa comunicação familiar restrita - os mal-entendidos. Esses mal-entendidos provocam angústia no surdo porque a falta de informação ou a redução desta e ausência de clareza dos motivos/causas de solicitações e/ou ordens recebidas, faz com que desconheça de fato situações sobre si e sobre o mundo. Além disso, desencadeia no surdo uma desconfiança a respeito do que é dito ou do que é feito. Ou seja, pelo fato de não ter ficado claro a situação, ter compreendido mal gera uma sensação de que o estão enganando, escondendo coisas dele.
Esta situação simbólica precária a que os surdos se encontram no momento anterior à aquisição da língua de sinais tem também, uma terceira conseqüência, que é a assimilação limitada da transmissão dos valores familiares. Essa fica muito comprometida, pois fica vinculada a orientações simples sobre dados concretos do dia-a-dia como: atravessar a rua, aprender qual o ônibus correto para ir a escola, tomar banho, comer adequadamente, cuidados para não se machucar e outras.
Essas orientações são, geralmente, são passadas ao surdo por meio de gestos soltos, mímicas, dramatizações e vivência real dos fatos. Em geral, o surdo compreende as explicações que lhe são repassadas através da vivência da situação, exceto as que implicam conceitos abstratos que, não são passíveis de representar na vivência concreta. Nesses casos percebemos que surgem dúvidas se o que está sendo explicado é verdadeiro.