top
psicologia da educação de surdos






Compreensão limitada da comunicação e das orientações familiares

Na tentativa de estabelecer contato e sair da paralisação social e subjetiva a que se encontra [o surdo] desenvolve um sistema de comunicação vinculado à língua oral - os sinais caseiros.
Os sinais caseiros são considerados “pobres” em relação à língua de sinais, devido a conter uma quantidade reduzida de vocabulário, que é específico para explicar uma única situação. Por isso, os sinais caseiros são isolados, soltos, fora do contexto, voltados para o presente, muito limitados e superficiais, propiciando uma comunicação solta, fragmentada e sem estrutura para aprofundamento das questões que suscitam interesse.
Frente a essas características, a comunicação do surdo, fica restrita ao núcleo familiar (somente este entende o sentido e compreende o sinal caseiro emitido) não estabelecendo relações sociais além da família e, dentro desta, estabelecendo relações precárias proporcionadas pelas próprias limitações familiares.
Constatamos essa realidade nas conversas com surdos e em seus depoimentos onde descrevem que antes de terem contato com a língua de sinais os diálogos eram curtos, formados pelos sinais caseiros estabelecidos que eram utilizados para designar situações concretas como: hora de comer, hora de tomar banho, hora de ir dormir...
Como conseqüência dessa comunicação familiar restrita o surdo se depara com comunicados curtos, evasivos, incompletos e, muitas vezes incompreensíveis, acarretando em dificuldade para compreender diversas situações. Por exemplo: se for repreendido por ter feito algo errado observa o rosto da pessoa que o está repreendendo e percebe que a pessoa está brava, com olhar sério, firme... mas não consegue entender o que ela diz, a explicação ou a orientação. Em alguns depoimentos, os surdos contam que muitas vezes eram colocados de ‘castigo’ e nem sabiam o motivo.