Posição subjetiva de estrangeiro na família de origem
A comunidade surda possibilita aos surdos um suporte para a constituição de sua subjetividade – ser surdo. O encontro com a comunidade surda permite-lhes sair do lugar do diferente, do excluído, do estranho que sentia na sua família, para o lugar de “pertencimento” a um lugar onde se encontram com iguais, onde se sentem entendidos e efetivamente conseguem estabelecer uma relação de troca. Sentem-se como se tivessem encontrado uma família. Os valores passam a ser os da ‘família surda’ e a transmissão dos mesmos se dá pelos surdos mais velhos da comunidade surda. Isso acarreta em um maior distanciamento dos valores ensinados pelos pais. Nesse ponto é importante ressaltar que não é o encontro com a comunidade surda e com a língua de sinais que causa o distanciamento dos surdos em relação à família de origem. Esse distanciamento já acontecia quando ainda não conhecia os surdos. Este distanciamento se deve à impossibilidade de compartilhar a língua materna com sua família e todas as conseqüências que essa impossibilidade gera no surdo e em seus pais. No momento em que os surdos têm acesso a uma língua, surge a oportunidade do estabelecimento de uma comunicação com seus familiares se estes buscarem o aprendizado da língua de sinais. Porém, em geral isso não acontece e, familiares e surdos passam a falar línguas diferentes: os pais e irmãos falam a língua oral e o surdo a língua de sinais.