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psicologia da educação de surdos
Para cada família existe um sinal diferente para designar as pessoas, objetos ou situações Por exemplo: vamos encontrar vários sinais para banheiro, para casa, para Igreja... Estes sinais caseiros não são iguais aos sinais da língua de sinais utilizada pela comunidade surda. É uma linguagem particular, exclusiva, constituída em famílias diferentes, portanto não caracterizáveis como língua.
Ainda, a autora justifica que a língua caseira não é uma língua devido a que cada sinal está fechado em um significado, não há possibilidade de ter outros sentidos. É um sinal para cada coisa estabelecendo uma relação do tipo termo-a-termo, ou seja, um gesto para cada coisa. A linguagem fica restrita a uma relação privada, caracterizada pela posição de debilidade em que os surdos estão inclusos no meio familiar.
Emmanuelle Laborit (1994, p.17) em sua biografia intitulada O vôo da gaivota, ao se referir a sua comunicação com a mãe antes de ter contato com a língua de sinais conta que a maneira como se comunicavam “(...) era instintivo, animal, chamo-a de “umbilical”. Tratava-se de coisas simples, como comer, beber, dormir. Minha mãe não me impedia de gesticular, como lhe haviam recomendado. Não tinha coragem de me proibir. Tínhamos signos nossos completamente inventados”. Encontramos nessa declaração de Emmanuelle a confirmação dos estudos acima citados.
Percebemos pelo depoimento de Emmanuelle que os critérios utilizados para a criação dos sinais caseiros se dão a partir da necessidade de estabelecimento de contato para as situações do dia-a-dia e que se compunham através da imitação, da mímica das situações concretas e/ou da percepção de características físicas, uso de acessórios, situações ocorridas com os pais e os irmãos entre outros.
Também Emmanuelle nos aponta umas situações que encontramos com bastante regularidade nos depoimentos de surdos, ou seja, de que os sinais criados são compartilhados, em geral, entre mãe e filho ou entre um (a) irmão (a) mais velho que é designado para cuidar do irmão surdo. O restante da família, em geral, não utiliza os sinais caseiros, fazendo uso exclusivo da língua oral.