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psicologia da educação de surdos
Goldfeld (2002, p.62), em seus estudos com crianças surdas, encontrou o mesmo fenômeno descrito por Behares e Peluso, e afirma que as crianças surdas filhas de pais ouvintes criam em conjunto com a sua família alguns sinais e os utilizam para a organização de seu pensamento. Essa linguagem se dá de modo rudimentar e é desenvolvida pela criança com o objetivo de estabelecer interações sociais e uma comunicação entre ela e seus familiares e também para simbolizar e conceitualizar, buscando uma organização de pensamento.
Ocorre que, não tendo acesso a uma língua estruturada, “(...) a quantidade e a qualidade de informações e assuntos abordados são muito inferiores àqueles que os indivíduos ouvintes, em sua maioria, recebem e trocam. Os surdos, nestas condições, só conseguem expressar e compreender assuntos do aqui e agora. Para falar sobre situações passadas, lugares diferentes e, principalmente, sobre assuntos abstratos são quase impossíveis – se realmente não o for (...)”.
Para a autora os surdos, que não têm acesso à língua alguma, estão privados de compartilhar as informações mais óbvias de uma comunidade e, sem um instrumento lingüístico acessível, “(...) sofrem enormes dificuldades na constituição de sua própria consciência, ou seja, não se constituem com base nas características culturais de sua comunidade e com isso desenvolvem uma maneira de ser muito diferente dos indivíduos falantes”.