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psicologia da educação de surdos






O código caseiro

Enquanto o surdo não tem acesso à língua de sinais, estabelece com a família e, em especial com a mãe, alguns “sinais caseiros” que podem durar anos e/ou para sempre. Ao estudar este sistema de código familiar Behares e Peluso (1997) perceberam que as crianças surdas filhas de pais ouvintes, têm aos três anos, um modo particular de comunicar-se que é diferente da língua oral majoritária, da língua de sinais da comunidade surda, do lugar onde vivem e dos instrumentos artificiais de manualização da língua oral majoritária (alfabeto manual, línguas sinalizadas...). As crianças ‘conversam’ com suas mães e, às vezes, também com outras pessoas da família em um sistema próprio de ‘gestos’.
Ao buscar subsídio para esse fenômeno na literatura, os autores depararam-se com o conceito de “simbolismo esotérico” proposto por Tervoort (1961) que o define como um sistema lingüístico restrito.
O simbolismo esotérico tem uma estrutura semelhante a uma língua. Sua utilidade é tornar possível a comunicação na ausência de uma língua em comum, devido às restrições inatas da criança que o produz. As causas levantadas para o uso desta língua restrita são descritas como:
1) as condições naturais que toda criança tem para construir uma língua;
2) as necessidades comunicativas entre a mãe e a criança, atribuídas ao psicológico;
3) ausência de um modelo de língua a ser imitado já que a mãe não sabe a língua dos “surdos”;
4) a criança não tem acesso natural à língua falada.