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psicologia da educação de surdos
Muitas vezes quando a mãe fala pelo bebê, ela o faz de modo infantilizado, o “manhês”. Por exemplo: “O mamazinho tá gotoso!” (o leite está gostoso!) Essas formas de comunicação estabelecidas promovem identificações com a mãe. As identificações funcionam como um espelho, ou seja, a imagem que o bebê vê na sua mãe se reflete nele mesmo. Dito de outra maneira, num primeiro momento o bebê pensa que é uma extensão de sua mãe. Acha que aquela imagem que vê da mãe no espelho é a imagem dele. Não diferencia a sua imagem com a imagem de sua mãe. Assim, ele se constitui a partir da imagem da mãe que ele pensa ser sua.
Com isso percebemos que a imagem em espelho não deve ser compreendida somente como um reflexo de imagens visuais. Ela [a imagem] tem um efeito psíquico. Reduzir o que reflete no espelho apenas a imagens visuais é esquecer que toda percepção humana resulta de uma montagem complexa entre o funcionamento orgânico e psíquico.
Concluímos que a relação de maternagem vai suprir a criança da sua primeira língua, a língua materna. E isso se dará independente da língua que for ser usada nesse primeiro momento. A língua materna [seja oral ou de sinais] é que possibilitará a entrada do filho na linguagem, seja ele surdo filho de pais ouvintes ou surdo filho de pais surdos.
É uma linguagem compartilhada entre mãe e criança que se dá em um estágio anterior ao da aquisição de uma língua propriamente dita. Neste estágio pré-verbal a mãe não apenas tenta decifrar o que o seu bebê diz, mas, sobretudo, lhe acompanhar naquilo que ele expressa. Isso se dá em vários níveis como vimos acima: na mímica, no sorriso, no choro, na vocalização e no gesto.