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psicologia da educação de surdos






A maternagem

O aparelho psíquico começa a ser construir desde muito cedo, já nos primeiros meses de vida do bebê.
É sabido que o recém-nascido atravessa um período de dependência total onde necessita que alguém – geralmente a mãe - o cuide. Nesse primeiro momento de vida, se o bebê não receber os cuidados necessários para sua sobrevivência poderá morrer. A mãe assegura através dos cuidados não somente as necessidades fisiológicas (fome, sede, dor...), mas também o nascimento da vida psíquica do bebê, através do acesso à linguagem.
Nesta fase onde o bebê depende dos cuidados maternos há um complemento entre mãe e filho. Através dos cuidados com alimentação, com o banho, com as dores que o bebê sente, a mãe vai introduzindo o filho no simbólico e dando vida psíquica para que ele possa existir. A este conjunto de cuidados maternos que vem para responder as necessidades fisiológicas do bebê e que lhe dão vida psíquica Winnicott chamou de holding (participação no sentido de sustentação, de apoio). O bebê retira do holding um sentimento de continuidade de existir.
No momento em que o bebê mama ele absorve, ao mesmo tempo, o leite para a sua sobrevivência e, um conjunto de sinais da presença materna: seu olhar, sua voz, sua capacidade de reagir aos movimentos do bebê... atribuíndo-lhe um sentido que, tem como conseqüência, o estabelecimento de uma comunicação entre os dois. Assim, se produz na vida psíquica do bebê um registro de que é alguém que existe para um outro alguém.
Por exemplo: o bebê está mamando e dá um sorriso para a mãe. Esta vai interpretar esse sorriso dizendo: “Hum, esse leitinho está gostoso, né filho?” ou, “Ah, você está sorrindo para que eu lhe dê mais leite, né meu amor!”, ou ainda “Ah, você está sorrindo por que está na hora de seu pai chegar!” Podem ser várias interpretações frente a um movimento do bebê, e independente de serem corretas ou não, são fundamentais para a constituição do psiquismo humano.