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psicologia da educação de surdos
A partir desse sinal próprio que recebe da comunidade surda, o surdo poderá (se) contar, marcando um “um” que é único e lhe dando um lugar na comunidade. Portanto, a comunidade surda tem um papel importante em relação à constituição da subjetividade do “ser surdo” e a construção da identidade surda.
Solé (1998, p.20) também discorre sobre a identificação do surdo filho de pais ouvintes com sua família. Comenta que a surdez e a privação da fala fragilizam os laços familiares durante a transmissão da cultura familiar, tendo como conseqüência uma impossibilidade de identificação com o nome da família à qual pertence.
Segundo a autora, quando os surdos se encontram com a língua de sinais e a comunidade surda, os pais ouvintes deixam de ser as referências de identificação para os adolescentes surdos. Isso ocorre pelo fato de os pais ouvintes não possuírem a mesma perda auditiva de seus filhos, ou seja, por não serem surdos. Os ensinamentos dos pais são substituídos pelos da comunidade surda, os valores dos pais pelos dos amigos surdos e inclusive suas crenças religiosas. Muitos surdos deixam de seguir a religião da família para freqüentar a religião dos amigos surdos que, em geral, são aquelas que desenvolvem um trabalho com os surdos através da língua de sinais.
Sendo assim, a autora afirma que ao se deparar com a comunidade surda, o surdo vê a possibilidade de alcançar a singularidade, pois encontra um grupo em que a diferença, marcada pela surdez, não é relevante, diminuindo o sentimento de ser diferente que sentia em relação à família de origem. Ingressa numa relação que acredita ser de igualdade, onde os ensinamentos paternos, os valores familiares são substituídos pelos da comunidade surda, onde há um rompimento com a tradição familiar.