Ao se deparar com a língua de sinais, o surdo passa a ser falante. Falante na e pela língua de sinais É somente com o contato com outros surdos, participantes da comunidade surda e falantes da língua de sinais que há a possibilidade do surdo vir a se constituir como um sujeito falante. Percebemos claramente esse processo, quando nos deparamos com o funcionamento da comunidade surda. O surdo, ao ingressar na comunidade, passa por um ritual denominado batismo. Este é condição necessária para sua inserção na comunidade surda. O ritual do batismo consiste na escolha de um sinal próprio que o nomeará na comunidade. Esse sinal é escolhido pelos membros da comunidade surda, podem ser vários membros ou um único, dependendo da situação. Os critérios para a escolha envolvem características físicas e/ou expressivas, acessórios utilizados e outros. Esse sinal é único na comunidade, ou seja, pode haver vários nomes iguais, mas nenhum terá o mesmo sinal. No momento em que o surdo é batizado passa a integrar a comunidade surda, comunidade onde encontra membros compartilham suas experiências, onde há ponto de encontro, membros que são iguais a ele. Embora seja uma comunidade que compartilhe ideais em comum, existe o reconhecimento das diferenças de cada um. O sinal próprio já é uma marca de diferença, pois não há na comunidade dois surdos com o mesmo sinal. O sinal é próprio, único de um surdo assegurando a sua singularidade. Pelo ritual do batismo o surdo que ali chega é nomeado, nomeado pela comunidade surda.