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psicologia da educação de surdos
Solé (1998) conclui que a diferença da língua entre pais ouvintes e filhos surdos distancia os filhos da transmissão de valores familiares. Não conseguem compartilhar valores, ideais... com esses pais, buscando na comunidade surda uma referência de pai Ideal, aquele que entende o que ele [o surdo] diz, pelo fato de ter compartilhado as mesmas vivências, ter experienciado as mesmas dificuldades. É na comunidade surda que o adolescente vai procurar essa referência de identificação com um pai ideal.
Vorcaro (1999) concorda que ao ter contato com a comunidade surda, a relação antes estabelecida com a família torna-se insuficiente para o surdo, que passa a desconsiderar seus pais como pessoas com quem pode trocar experiências e outras coisas “(...) já que eles querem falar mais do que seus pais podem entender”.
Essa situação acaba colocando em questão a própria posição dos pais na hierarquia familiar, produzindo um endereçamento dos filhos surdos à comunidade surda, na busca de suprimento às insuficiências dos pais. Ainda, sem compartilhar uma língua, a posição dos pais dificilmente mantém a mesma correlação que a anterior à entrada do filho na língua de sinais, fazendo incidir uma nova defasagem no laço familiar e nas relações identificatórias.