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psicologia da educação de surdos
Martins (2003) diz que sim. Embora haja muitas limitações o autor nos aponta que através da relação de maternagem, mesmo que o surdo não tenha acesso a língua oral – língua de sua família – a mãe vai falar por ele, vai interpretar por ele. Isso vai auxiliar para que ele possa ter acesso, mesmo que bastante precário, a uma identificação com a família. Além da maternagem, o autor diz que através dos traços visuais o surdo vai absorvendo e selecionando traços que possibilitam que ele se identifique com seus familiares.
Ainda o autor diz que o processo de identificação com as figuras parentais (pai e mãe) fica comprometido pelo fato de que ambos – filho surdo e pais ouvintes – não compartilham uma língua comum. Ou seja, o filho surdo não tem como se apropriar da língua oral dos pais pela sua impossibilidade de escutar e, conseqüentemente, de falar oralmente. A única forma do filho surdo e dos pais ouvintes terem um ponto de encontro que os aproxime seria se ambos adquirissem a língua de sinais. Ela – a língua de sinais – seria um elo de encontro entre o mundo do filho surdo e o mundo dos pais ouvintes.
Porém, se ambos – filho surdo e pais ouvintes – não tem acesso a língua de sinais não acontece esse encontro. Não compartilham uma língua em comum para que possam trocar experiências, para que possam compartilhar histórias familiares, para que possam orientar o filho nos valores da família, para que possam introduzir a cultura familiar. Conseqüentemente, o que é repassado ao filho é muito reduzido e o que ele compreende também é limitado, comprometendo uma identificação com a família de origem.