Como se dá o processo de identificação no sujeito surdo? Ao analisarmos o processo de identificação nos sujeitos surdos temos que levar em consideração a língua e cultura próprias do surdo. Além disso, encontramos três situações importantes e definitivas: 1) o surdo filho de pais surdos; 2) o surdo filho de pais ouvintes que nunca teve contato com a língua de sinais e com a comunidade surda; 3) o surdo filho de pais ouvintes que tem contato com a língua de sinais e com a comunidade surda. Porém antes de passarmos a análise individual das três situações apontadas acima gostaria de ressaltar dois pontos em comum nas três situações. O primeiro ponto refere-se à primeira identificação, aquela onde o sujeito incorpora as qualidades do outro. Conforme vimos no capítulo sobre a linguagem e a constituição do sujeito, este primeiro tempo é marcado por um tempo de linguagem e não de língua, ou seja, não é a língua oral ou a língua de sinais que vai inscrever o sujeito no simbólico, mas sim a linguagem. A linguagem não deve ser entendida como sinônimo de oralidade, mas como escritura que vem pelo olhar, pelo sorriso... descritos anteriormente na maternagem. O segundo ponto em comum refere-se ao segundo tempo da identificação - a identificação por um traço – que ocorre conforme vimos pelo nome próprio. Todos os filhos surdos passam por essa inscrição, ou seja, todos são batizados com um nome próprio de sua família. O nome próprio que recebem da família de origem é único e, embora os surdos não façam uso dele no cotidiano [devido a se designarem pelo sinal próprio], ele [o nome próprio] é o que os introduziu o universo simbólico.