Este posicionamento testemunha o movimento etnocêntrico - movimento que considera sua cultura o modelo para todas as outras, superior às demais culturas - vinculado à ideologia dominante de não levar em consideração as diferenças de identidade, cultura e lingüísticas. O movimento etnocêntrico buscava o nivelamento das identidades, deixando claro o não reconhecimento do sujeito surdo, de sua língua, sua cultura, sua identidade. Deste modo, baseada no modelo da medicina, a psicologia absorveu o discurso clínico que cataloga e classifica o surdo como “enfermo” e o inclui no rol das deficiências, descrevendo-o como “incapaz”, “impossibilitado”, “defeituoso”, “anormal”, “inferior”, resumindo-o como portador de um par de orelhas não funcionais, “audição defeituosa”, “deteriorização auditiva”, entre outras, culminando com a designação de “deficiente auditivo”. Além da definição de deficiente auditivo, o discurso clínico também descreveu o surdo como “surdo-mudo” ou “mudo”, desconsiderando que o surdo não apresenta nenhum problema no órgão da fala (só não fala por que não escuta) e que não é mudo já que fala em língua de sinais. Essa confusão pode ser entendida desde a origem da palavra surdo. Etimologicamente, a mesma vem do latim (surdus) e no grego (kophós) designativo de uma situação dupla: o homem que não escuta e o homem que não é entendido. Também indica o entorpecido, passando a significar, depois de Homero, o mudo, onde sua origem está no verbo (kopháomai), referente ao ato de ficar mudo, ser estúpido ou insensível.