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psicologia da educação de surdos






A Psicologia e a surdez

Segundo Sanches (1990) com o advento da psicologia iniciou-se o estudo dos comportamentos dos seres humanos. Estes foram classificados em normais e anormais, sendo estes últimos, enquadrados em determinadas patologias. Junto com a medicina, a psicologia descreveu a psicopatologia de diferentes grupos que em uma ou outra medida estavam segregados a normalidade imposta pela ideologia dominante.
A psicologia compreendia a criança surda como “não é um sujeito normal, ao menos enquanto a uma certa capacidade de recepção sensorial... É um sujeito que, em uma determinada medida, é outro, em que a vida mental e o conjunto da personalidade estão diferentemente organizados” (Petit, 1971). Sendo assim, a psicologia partia da premissa que a perda da audição é causa de condutas anormais.
Baseada nos estudos da filosofia oralista, da medicina e da ‘ pedagogia ortopédica’ a psicologia ancorou seus estudos a partir do critério de normalidade pela média estatística, para definir comportamentos, funções psicológicas superiores como linguagem, pensamento e inteligência e aspectos do desenvolvimento das crianças surdas. Esse [o desenvolvimento] estava atravessado pela idéia da incapacidade, direcionando os estudos para o rebaixamento e a anormalidade e, traziam as indicações terapêuticas que, obviamente, visavam à reabilitação.
Ao propor intervenções a partir de um órgão tido como falho no caso o ouvido, que necessitava de reabilitação para “adaptação” ao meio - a psicologia colocou o surdo na dimensão da medicina onde o corpo físico é privilegiado, levando a procura minuciosa das causas orgânicas, deixando de lado o aspecto subjetivo do corpo, reforçando as manipulações puramente corporais do surdo, reduzindo-o a um órgão [no caso um ouvido], tornando-o um corpo máquina que precisa continuar funcionando a todo custo, apesar de uma peça estar defeituosa. Acreditava-se que um ouvido patológico é para sempre um ouvido enfermo.