A retomada da terminologia – surdo – definida como “aquele que não ouve, ou quase não ouve” não encontra nesse movimento de desconstrução a conotação da deficiência. Apenas refere uma qualidade daquela pessoa que a diferencia das demais. Diferença essa entendida a nível cultural e não patológico. Desse modo, entender que os surdos fazem parte de outra comunidade lingüística é encará-lo como diferente uma vez que sua visão de mundo passa pelo canal espaço-visual. É também respeitá-lo em sua cultura e em seus direitos a uma vida digna enquanto cidadãos de uma comunidade minoritária. É devolver-lhe a voz que lhes foi roubada para poderem usufruir seus direitos de cidadãos. Perlin define o sujeito surdo como: a denominação de sujeito surdo é o termo que o surdo se atribui. Um termo que compreende sua especificidade em uma temporalidade, uma cultura própria. Ele não quer o termo deficiência auditiva que lhe é dado pelas diversas clínicas, visto negar sua identidade como surdo, bem como sua cultura, caracterizando-o como deficiente. Ser sujeito surdo é algo que se constrói que se aprende gradativamente. (BERGAMASCHI e MARTINS, 1999, p.34). Reivindicar o direito dos grupos e dos indivíduos de poderem descrever a si próprios sua comunidade, de falarem do lugar que ocupam, de colocarem a sua versão da história, de escreverem a narrativa que os definem como participante da história é legítimo. Cabe, então, a comunidade surda se diferenciar por uma linguagem espaço-visual própria e uma visão de mundo espaço-visual, poder definir-se e narrar-se.