A surdez e suas representações: o impacto do olhar do diferente para o sujeito surdo
Atualmente a comunidade surda vem em várias partes do mundo, propondo um movimento de desconstrução das narrativas clínicas que levaram a representação social da deficiência para um olhar da surdez como diferença. Há muitos estereótipos acerca da surdez e os surdos vêm lutando para provar que não são verdadeiros. Como já foi descrito anteriormente há três estigmas sobre a surdez que estão profundamente enraizados na sociedade e que vêm marcados pela clínica do déficit. São eles:
1) físico: são considerados fisicamente deficientes por não falarem. Privilegia-se a oralização frente a gestualização; 2) psicológico: liga-se a língua de sinais a um discurso simples que vem de uma mente simples interligando-se linguagem e inteligência. A surdez é, então, uma deficiência do intelecto. O “surdomudo” é fraco de mente; e 3) social: são deficientes sociais onde se lhes delegam uma série de distúrbios emocionais e de comportamentos. Segundo Botelho (1998) para se repensar as representações acerca da surdez deve-se tomar desde a definição da mesma que envolve quatro dimensões inter-relacionadas: 1) dimensão política: é necessário refletir sobre as construções históricas e políticas que dão vida à diferença da surdez; 2) dimensão ontológica – visual: é o registro, a circulação de significados, o consumo e a produção de uma cultura e comunidades visuais, 3) múltiplas identidades – impõe uma visão das fragmentações próprias de todo grupo social; 4) localização da surdez: estabelecimento das fronteiras nos discursos hegemônicos. A surdez está localizada na deficiência, na patologia. Despatologizá-la é levá-la para outros discursos, vinculados a outras linhas: estudos culturais, multiculturalismo.