Já, os surdos que permanecem como ouvintes ficam divididos entre duas culturas onde, de um lado não são bem aceitos pelos ouvintes por não conseguirem ser iguais a eles e, por outro lado, não são bem aceitos pelos surdos por terem incorporado valores ouvintes divergentes aos deles. Estes surdos ficam durante toda sua vida sem uma comunidade, uma cultura e uma identidade grupal e pessoal. Assim, a identidade constrói-se a partir de um conjunto de experiências e valores, expressos em uma língua compreensível a todos os membros do grupo, sendo então uma construção coletiva. Skliar (1999) afirma que ser surdo não supõe a existência de uma identidade surda única e essencial a ser revelada a partir de alguns traços comuns e universais. As representações sobre identidades mudam com o passar do tempo nos diferentes grupos culturais, no espaço geográfico, nos momentos históricos, nos sujeitos. Por isso, é necessário ver a comunidade surda de forma plural, ou seja, encontra-se surdo rico e pobre, branco e preto, com estudo e sem estudo, gaúcho e nordestino, homem e mulher...