Reportando essas considerações para a surdez Marques (1998) diz que a forma como o surdo apreende o mundo é pela visão. Apresenta um pensamento que atravessa idéias e comportamentos através de uma linguagem que existe pelas imagens e representações mentais que informam a percepção de acordo com características intelectivas próprias. A visão é o principal canal de processamento de esquemas de pensamento que propicia a aquisição, construção e expressão de conhecimento, valores e vivências que levam a uma concepção de mundo própria A linguagem visual para o sujeito surdo é a sistematização e o produto de seu desenvolvimento cognitivo e histórico, tornando-se instrumento para a formulação de generalizações que facilitam a transição da reflexão sensorial espontânea para o pensamento racional através do uso dos sinais. Os surdos têm na língua de sinais sua maior expressão. É através dela que se comunicam livremente, sem limites, elaborando hipóteses sobre o mundo e as próprias idéias e pensamentos sobre os diversos conceitos. A língua de sinais não é apenas um meio de comunicação, é um conjunto de conhecimentos culturais, um símbolo de identidade social, da história e dos valores e costumes dos surdos. Behares (1997) coloca que o uso da língua de sinais possibilita para as pessoas surdas um símbolo de pertencimento a um grupo social próprio. Por detrás deste ‘símbolo’ encontra-se um conjunto complexo de sentimentos, crenças e culturas que permitem a união grupal e a elaboração de objetivos comuns de vida.