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Linguistica Aplicada L8






Houve na Europa um movimento imigratório e trabalhadores estavam sendo absorvidos pelo mercado econômico pelos países mais desenvolvidos. A partir dessa nova configuração social, os pesquisadores começam a repensar o conceito de diglossia a partir de uma perspectiva de conflito, cuja tradição de pesquisa é hoje denominada como “Sociolingüística de Periferia”. As investigações nessa linha começaram com o catalão (Espanha) e o ocitano (França) e foram feitas por pesquisadores nativos dessas línguas (Martin-Jones, s.d ; Hamel e Sierra, 1983) . Mas, qual é, pois, o estatuto desse conflito?

Os sociolingüistas que se inscrevem nessa vertente vêem o conflito como parte inerente e constitutivo da dinâmica social, e seus interesses de pesquisa não recaem apenas em descrever as diferentes funções entre as línguas (como fazia Ferguson), mas também em explicar e comopor que as línguas se tornam socialmente diferenciadas. Neste sentido, a relação entre as línguas será necessariamente, como nos aponta Maher (1997: 21) , “uma relação de conflito não estável e assimétrica entre a língua dominante e a dominada”. Por isso a ênfase ao se estudar sobre o fenômeno da diglossia deveria levar em conta, fundamentalmente, as relações sociais de desigualdade, o que nos direciona o olhar para a história social das comunidades de falantes de línguas minoritárias. Maher (1997) argumenta que a re-definição do conceito propiciou um deslocamento do fenômeno das línguas em contato para uma visão que concebe “o conflito como parte constitutiva da dinâmica social”, não havendo, portanto, uma diferenciação neutra entre os usos de línguas em contato que possam ser explicadas apenas pelas diversas funções a que se achem relacionadas, pois “o que está em jogo é que a cada função corresponde uma valoração social diferenciada”.