Vejamos, agora, um breve histórico sobre as teorizações e tradições em torno do fenômeno do bilingüismo. Podemos destacar, de acordo com Martin-Jones (s/d) pelo menos, três grandes vertentes. Na primeira vertente e/ou tradição, encontramos os estudos que focam o bilingüismo e o multilingüismo social como interesse de investigação a partir das influências das escolas estruturalistas e funcionalistas. Dentro dessa perspectiva há uma tendência em se contemplar e se dividir as variedades lingüísticas de uma dada comunidade bilíngüe funcionalmente para se compreender padrões lingüísticos de uso entre bilíngües. O olhar desloca-se do domínio individual das línguas por um indivíduo e passa a ser visto sociologicamente – o que traz à tona uma relação diglóssica entre as línguas majoritárias e as línguas minoritárias. É nessa vertente que o conceito de diglossia emerge. Esse conceito foi introduzido por Ferguson, no final da década de 50, para fazer a distinção funcional entre duas variedades de uma mesma língua dentro das fronteiras de uma mesma comunidade de fala. Uma variedade foi chamada de alta (high variety), utilizada em contextos públicos formais; a outra denominada baixa (low variety), restrita a situações informais. Ambas, na visão do autor, manteriam entre si relações funcionais, estáveis e sem nenhum tipo de conflito.