2.3 A afinidade conceitual dos dois autores De acordo com Vygotsky e Bakhtin, o discurso de cada indivíduo se constrói, se (re) constrói, e se desenvolve na e pela interação social a partir de situações significativas com os enunciados individuais alheios. Ou seja, a construção do nosso modo de expressão não depende somente de nós mesmos, mas também da multiplicidade de vozes existentes nos conceitos e discursos que constituem e integram nossa sociedade. Partindo do pressuposto de que a linguagem é um dos mais úteis instrumentos que temos como seres humanos, e que através dela transmitimos aos outros nossos conhecimentos, trocamos informações, organizamos pensamentos, discutimos idéias, ou seja, é a partir dela que nos relacionamos socialmente, então, o ensino de línguas vem ampliar nossas relações sociais e, automaticamente, a (re) construção dos sujeitos. Conhecendo outra língua, além da que utilizamos nos contextos sociais, saber um pouco da realidade do outro, de outros povos e culturas, temos, consequentemente, muito mais oportunidades de idealizar novos projetos de vida, abrindo horizontes, propiciando uma maior oferta de acesso a novos meios de conhecimento, aprimoramento de nosso discurso, conhecimento de outras formas de viver e a abertura de inúmeras portas, tanto para nosso crescimento profissional como pessoal. O indivíduo que tiver acesso ao conhecimento terá enriquecido sua personalidade, ampliando sua capacidade intelectual, bem como sua sociabilidade e sensibilidade. As línguas (materna, segunda, estrangeira) trabalham de forma libertadora, e o seu conhecimento é um requisito para uma cidadania plena e um fator importante no desenvolvimento da reflexão crítica. Isto não apenas para os alunos em fase escolar, mas para os indivíduos de forma geral.