A questão da dependência dos surdos mistura-se com a questão da deficiência. Essa supõe uma dependência em maior ou menor grau. Podemos dizer também que ninguém é totalmente independente, seja um Estado, seja uma pessoa. Quando lutamos pelo direito de termos professores surdos estamos lutando por um grau maior de independência. O grau que estamos aptos a exercer. Uma pessoa surda tem intelectual e fisicamente o mesmo potencial de uma pessoa ouvinte. Se ela puder se comunicar na língua de sinais não vai ter impedimento para desenvolver-se tanto como um ouvinte, então, a questão da dependência, fica condicionada apenas às disponibilidades de poder usar sua língua para comunicar-se com a maioria ouvinte, e também de poder apropriar-se dos conhecimentos de toda a humanidade, da qual ela também é herdeira, em uma língua que ela possa compreender plenamente. Outro argumento que sustenta a resistência a uma mudança radical nas escolas que recebem surdos é aquele de que os professores surdos não sabem bem o português. Alguns professores surdos que sabem se expressar em português, falado e escrito, conseguem trabalhar em escolas. A grande maioria não sabe bem o português e fica excluída de qualquer possibilidade. O que podemos observar é que muitos desses surdos têm inúmeras qualificações para serem professores. Para a criança surda será esse o fator mais importante? Será que é mais importante para um aluno surdo que seu professor saiba bem o português ou que consiga interagir com ele em uma língua comum aos dois, com ida e volta?