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Escrita de Sinais I
Na Conferência Mundial de Educação para todos, realizado em 1994 na Espanha, o documento resultante, denominado “Declaração de Salamanca” preconiza a necessidade da educação dos surdos ser realizada a partir de sua língua de sinais, essa necessidade tem sido muito pouco respeitada, pois, educar não tem a ver apenas com o que é melhor para o educando, educar tem também muito a ver com quais papéis a ideologia dominante atribui aos diversos atores que compõe a cena educativa.
Os professores ouvintes da nova escola de surdos centrada na língua de sinais precisam saber usá-la de forma plena, não podem mais simplificar explicações, facilitar textos e articular claramente em português ajudando com alguns sinais a exposição dos conteúdos, como se fazia na escola oralista ou na de comunicação total. Agora, devem interagir com o aluno em uma língua que precisa ser plenamente dominada por ambos, professor e aluno, que devem ter a mesma possibilidade de comunicar-se.
A competência em língua de sinais por parte dos professores ouvintes poucas vezes chega a ser a necessária. Ela é uma língua completa, não uma pantomima. Tem sua gramática e é de caráter viso-espacial a qual os ouvintes não estão habituados. Tornar-se fluente, como um professor precisa ser, é uma tarefa séria que demanda tempo e dedicação. Novas percepções acompanham a necessidade do esforço por essa nova aquisição e um sentimento de inadequação se instala entre os professores, as resistências embora veladas, ou disfarçadas de mil maneiras, fazem-se muito presentes.