Nas atividades escolares a leitura e a escrita de língua de sinais vai permitir um trabalho muito mais consistente com a língua de sinais que precisa ser completa e bem construída, para possibilitar ao surdo o acesso a todo conhecimento. Quando nos comunicamos passamos não apenas uma mensagem, mas a nossa maneira de ver, sentir e ler o mundo. A pessoa bicultural se define como aquela que participa da vida de duas culturas, que se adapta a uma e a outra. A criança surda deve ser preparada a vir a ser uma pessoa bicultural, quer dizer membro das culturas surda e ouvinte, mesmo que ela tenha a dominância de uma cultura em relação à outra. Nós defendemos o direito da criança surda a ser bicultural e bilíngüe. A utilização da língua de sinais por um surdo supõe um relacionamento específico dele com seu mundo, uma outra maneira de ser e então outra maneira de entrar na língua escrita. É preciso contrapor o paradigma da diferença ao da deficiência.
1.3 Os surdos em busca de sua escrita As comunidades surdas tiveram seu processo de busca e criação de uma escrita interrompida por mais de cem anos da exclusão de suas línguas que, de tão desqualificadas, nem eram cogitadas para objeto de pesquisas sérias.