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Aquisição da Língua de Sinais
Os efeitos de modalidade

Os estudos sobre os efeitos da modalidade na aquisição da linguagem iniciaram com os estudos de Petitto (1987) que argumenta que a criança surda produz gestos que diferem dos sinais produzidos por volta dos 14 meses, analisando essa produção gestual como parte do balbucio. Em outro estudo relacionado com este, Petitto & Bellugi (1988) observaram que as crianças surdas com menos de dois anos não fazem uso da apontação típica da língua de sinais americana, pois há um processo descontínuo na aquisição da linguagem. As crianças surdas com menos de um ano de idade, assim como as crianças ouvintes, apontam freqüentemente para indicar objetos e pessoas; no entanto, quando a criança entra no estágio de um sinal, o uso da apontação desaparece. Petitto (1987) sugere que nesse período parece ocorrer uma reorganização básica em que a criança muda o conceito da apontação inicialmente gestual (pré-lingüística) para visualizá-la como elemento do sistema gramatical da língua de sinais (lingüístico).

Surgem as primeiras combinações de sinais por volta dos dois anos das crianças surdas. Fischer,1973 e Hoffmeister,1978 observaram que a ordem usada pelas crianças surdas durante esse estágio é SV, VO ou, ainda, num período subseqüente, SVO. Meier (1980) verificou que a ordem das palavras é utilizada para o estabelecimento das relações gramaticais. A ausência do sujeito ou do objeto em algumas sentenças produzidas pelas crianças pode indicar a marcação (+) do parâmetro pro-drop (Lillo-Martin, 1991; Quadros, 1995). Entretanto, nesse estágio os argumentos nulos apresentados normalmente não são aceitos como gramaticais, pois a omissão de sujeitos e/ou objetos na língua de sinais americana, assim como na língua de sinais brasileira, é feita sob certas condições que determinam a identificação e recuperabilidade dos elementos omitidos.