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Aquisição da Língua de Sinais
O estágio de infinitivo opcional, em que as crianças omitem a flexão ou usam a forma infinitiva ao invés de um verbo finito, é observado em crianças adquirindo línguas em que sujeitos nulos não são permitidos, por exemplo, no inglês, no francês e em alemão. Por outro lado, este estágio não é observado em crianças adquirindo línguas em que sujeitos nulos são produtivos, como no italiano. Evidências do hebraico, língua que apresenta sujeitos nulos lexicais somente em contextos em que há flexão verbal rica, sustentam a generalização SN-IO, uma vez que Rhee & Wexler (1995) encontraram nos dados das crianças adquirindo tal língua IOs (e sujeitos nulos) em contextos em que não há sujeitos nulos na língua alvo, mas não observaram o uso de IOs nos contextos em que há sujeitos nulos. A língua de sinais brasileira é como o hebraico quanto à produtividade de sujeitos nulos nos contextos em que há flexão verbal e a não existência dos mesmos em contextos em que não há tal flexão.

Analisando longitudinalmente a produção espontânea das crianças surdas entre 1:08 e 2:10 no caso da ANA e entre 1:08 e 2:01 no caso do LÉO (ver a quantidade de enunciados considerados nesta análise no quadro dos enunciados com um verbo por sessão analisada), observou-se que os verbos sem flexão são usados com mais freqüência do que os verbos com flexão; no entanto, os verbos com concordância são devidamente flexionados (raramente, as crianças apresentam alguma omissão da flexão) (ver gráfico da proporção de uso da produção verbal com e sem flexão).

Também foram analisadas as ocorrências de sujeitos e objetos nulos com verbos com e sem flexão (cf. gráfico 2). Verificou-se que os sujeitos e objetos nulos foram usados corretamente com os verbos com flexão. Por outro lado, observou-se que as crianças usaram alguns objetos nulos e vários sujeitos nulos com os verbos sem flexão em contextos que não seriam usados por adultos. O uso correto de sujeitos e objetos nulos indica a fixação correta do parâmetro. No entanto, o grande número de sujeitos nulos (versus objetos) com verbos sem flexão indica que tais verbos podem ser instâncias de IOs, consistente com a generalização de IOs encontrados em contextos em que não há sujeitos nulos, vejam os gráficos a seguir.