Os resultados observados nesta pesquisa indicam que as crianças corretamente flexionam os verbos em qualquer idade e que eventualmente a flexão verbal foi omitida (Ana - max 1.3%; Jill - max .5%; Sally - max 1.3%). De modo geral, os verbos simples foram usados com muito mais freqüência do que os verbos com concordância (Ana - 63% plain; Jill - 72% plain; Sally - 46% plain).
Quadros, Lillo-Martin e Mathur (2001), por meio deste estudo, verificaram a hipótese de que a criança em fase inicial de aquisição da linguagem apresenta evidências de possuir as categorias funcionais relevantes para a checagem de traços relacionados à flexão verbal. Foram ratificados alguns pontos quanto à língua de sinais brasileira e à língua de sinais americana: a inexistência de infinitivos opcionais com verbos com concordância é consistente com a generalização de que contextos com sujeitos nulos não resultam em IO; o uso correto de sujeitos e objetos nulos com verbos com concordância indica marcação correta do parâmetro; e o grande número de sujeitos nulos (vs. objetos) com verbos sem concordância indica que estes podem ser infinitivos.
Quadros e Lillo-Martin partem dos estudos realizados com a língua de sinais brasileira para estabelecer as seguintes relações com a língua de sinais americana: (i) a relação entre as pesquisas na sintaxe e na aquisição da sintaxe nas duas línguas, (ii) a relação entre a aquisição da ordem das palavras, da morfologia verbal, da concordância e dos argumentos nulos nas duas línguas, e (iii) essas relações com o inglês e a língua de sinais americana. As autoras verificaram várias semelhanças entre a língua de sinais brasileira e a língua de sinais americana, apesar de haver algumas diferenças gramaticais claras, por exemplo, a diferenciação sintática entre verbos simples e verbos com concordância é mais marcada na língua de sinais brasileira. O interessante é que com os dados analisados até o presente é possível apresentar uma proposta mais restritiva que dá conta tanto da língua de sinais brasileira, como da língua de sinais americana. Os autores observaram que a aquisição dessas línguas de sinais apresenta características de línguas pro-drop e de línguas não pro-drop, com verbos com concordância e verbos simples, respectivamente. Por exemplo, o uso de imperativos apresenta uma incidência bem maior com verbos com concordância em que está marcado o parâmetro pro-drop, assim como é observado em línguas faladas que marcam o parâmetro em oposição às línguas que não marcam (Hyams e Salustri, 2007).