Com base em estudos longitudinais, o autor observou alguns erros na produção das crianças surdas típicos do processo de aquisição da morfologia flexional, entre eles destacam-se os seguintes: (a) omissão da concordância (todas omissões foram com segunda e terceira pessoas); (b) Supergeneralização da concordância observada em verbos simples; (c) Concordância com o argumento errado. Tais erros são contra-argumentos para as hipóteses com base na iconicidade.
Meier observou aspectos relacionados com a concordância dupla (com o sujeito e com o objeto): o uso de concordância dupla apresenta uma incidência significativamente menor em relação ao uso da concordância singular (de 32% para 88%). As crianças privilegiam a concordância com o objeto com os verbos que movem do sujeito para o objeto, ou seja, tendem a fazer a concordância singular (as omissões são mais comuns com sujeitos (=33) do que com objetos (=4)). Percebe-se, portanto, que as crianças são sensíveis a não obrigatoriedade da concordância com o sujeito. Isso também pode ser usado como um contra argumento para as hipóteses com base na iconicidade.
Em resumo, as crianças precisam aprender quais os verbos que devem concordar e como eles concordam. Parece que as crianças adquirem a concordância verbal enquanto sistema morfológico.
Além de Meier, Casey (2003) na lingua de sinais americana, Hänel (2005), na língua de sinais alemã e Morgan et al (2006) na língua de sinais britânica, também apresentam resultados similares, ou seja, encontraram alguns erros de trocas e todos indicaram omissão de concordância obrigatória até os 3 anos.
Por outro lado, Quadros, Lillo-Martin & Mathur (2001) apresentam resultados contrários. Por meio de estudos longitudinais de aquisição de línguas de sinais, uma criança adquirindo a língua de sinais brasileira (ANA) e duas crianças adquirindo a língua de sinais americana (JILL e SALLY), os autores observaram pouquíssimos ‘erros’ de troca e poucos (se houver) erros de omissão foram observados (cf. síntese dos gráficos). Figura 1