Quando uma palavra é emprestada da língua A e começa a ser usada por pessoas que falam a língua B como língua materna, essas pessoas não vão pronunciar a palavra exatamente como é pronunciada por falantes nativos da língua A. Elas vão adaptar a pronúncia da palavra às regras da fonologia da língua B. E a palavra já começa a mudar. Já começa a ter a "cara" da língua de destino e perder um pouco suas características da língua de origem. Essas mudanças são inevitáveis (e imexíveis!). As primeiras pessoas a usar uma palavra emprestada vão ser pessoas bilíngües nas duas línguas: a língua de origem e a língua de destino. Pode ser que essas pessoas tenham uma excelente pronúncia na língua de origem. Mas quando essas mesmas pessoas estão falando na língua de destino, vão seguir outras regras de pronúncia. Por isso, eles vão falar a palavra estrangeira com uma pronúncia diferente. Numa segunda fase, quando as palavras emprestadas já estão sendo muito usadas por pessoas bilíngües e começam a aparecer nos jornais, nas revistas, nos manuais, no rádio e na televisão, elas vão começar a ser usadas também por pessoas monolíngües na língua de destino. Essas pessoas não vão conhecer a palavra como ela é na sua língua de origem. Não vão saber a pronúncia original, e nem o sentido original. Eles só vão saber o sentido que os empréstimos têm no seu contexto de uso na língua do destino. Essas pessoas, então, vão modificar a pronúncia dessas palavras ainda mais. Se a língua de destino é o português, podemos dizer que os empréstimos ficam aportuguesados. Isso quer dizer que eles ficam com a "cara" de uma palavra do português, com a pronúncia própria de uma palavra do português.