O outro tipo de mudança é o que nós vimos acontecer com os empréstimos lexicais. Esse processo de mudança depende do contato entre línguas diferentes ou dialetos diferentes, e se chama mudança de cima para baixo. Isso, porque começa com os adultos. São os adultos que têm contato com outros lugares e outras comunidades. Os adultos viajam, fazem negócios com viajantes de outros lugares, e muitas vezes aprendem palavras dessas outras pessoas, ou até acabam aprendendo outras línguas. E como nós vimos nas Unidades 3 e 4, os adultos bilíngües começam a introduzir, na língua, novas palavras, e às vezes novos sons. Esse processo de mudança é externo à língua, porque depende de contato com outras variedades. Essas mudanças são muito diferentes das mudanças internas. Elas não são sistemáticas. Não mudam toda a gramática da língua. O mais comum é que acrescentam palavras. As línguas estão sempre recebendo empréstimos de outras línguas e de outros dialetos. Mas agora a questão é: como é que esses empréstimos se espalham numa língua? Como é que eles entram no uso comum? O mais comum é que essas mudanças entram num ponto de mais prestígio, como uma grande cidade, ou um centro de cultura. São os lugares onde há mais contato com outros povos e outras línguas, por causa do comércio e da política. Desses pontos centrais, as mudanças vão se espalhando, primeiro dentro da grande cidade, e depois nas regiões mais próximas. O processo chama-se difusão e também leva tempo. Uma palavra que começa nas colunas sociais de um jornal (ou nas colunas econômicas ou tecnológicas) pode eventualmente passar para a população da cidade, e depois, com os meios de comunicação, passar para outras regiões, outros países, e até outras línguas.