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Sociolinguistica_L8B8
         
 
Esses dois processos são ativos o tempo todo, e se interagem.  Deles resulta toda a variação que é encontrada nas línguas.
No entanto, só o fato de a língua mudar no tempo não explica a existência e permanência de variações.  Se as línguas mudassem homogeneamente (ou seja, por igual, por toda parte, ao mesmo tempo, no mesmo ritmo), poderíamos observar mudança no tempo sem ver tanta variação simultânea nas línguas.  Mas não é isso o que acontece.  Vamos pensar sobre os dois tipos de mudança que estudamos na Unidade 6.
No caso da mudança de baixo para cima, observamos que as mudanças são introduzidas pelas crianças.  Os adultos continuam falando como sempre falaram, mas convivem com seus filhos, que falam um pouco diferente.  Isso significa que as mudanças introduzidas por cada geração co-existem simultaneamente na sociedade, como variações.
No caso da mudança de cima para baixo, observamos que as mudanças são introduzidas em um lugar específico e se espalham, desse lugar para lugares distantes, por meio de difusão.  A difusão é, por natureza, lenta.  Primeiro, as mudanças passam para os lugares mais próximos; desses lugares próximos passam para lugares um pouco mais distantes, e assim por diante.  Dessa forma, em qualquer momento do tempo, vão existir lugares em que a mudança "chegou" e lugares em que a mudança ainda não chegou.  No mesmo lugar, vai haver pessoas que já adotaram a mudança (e já usam a nova palavra ou expressão ou variante alofônica) e pessoas que ainda não mudaram a fala, e continuam falando da maneira antiga.
Esse fato, o de co-existirem variações no mesmo lugar e no mesmo tempo, significa que as pessoas sempre têm opções.  O estudo da variação lingüística é basicamente um estudo sobre o que as pessoas fazem com essas opções, e o valor que essas opções têm para as pessoas e para a sociedade.