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Sociolinguistica_L8B8
         
 
Quando a ilha começou a ser "invadida" por turistas e os ricos começaram a construir casas de verão para suas férias, a população local sentiu que sua vida tradicional estava ameaçada.  Essa reação acabou sendo refletida no seu jeito de falar!  Os jovens que se identificavam mais com o local e que se ressentiam mais da "invasão" começaram (inconscientemente) a imitar o jeito diferente de falar dos pescadores, que eram muito respeitados na ilha e que representavam a vida tradicional.  Essa diferença de pronúncia, por menor que fosse, marcava-os como "nativos" e diferentes dos "invasores" que, obviamente, falavam o inglês padrão.  Com o tempo, o jeito de falar de um grupo de pescadores acabou se espalhando para todos os habitantes da ilha que tinham orgulho de ser "da ilha" e não "de fora".  Eles tinham uma identidade para estabelecer, e usavam uma diferença lingüística para marcá-la.
   
Uma coisa semelhante foi constatada nas comunidades afro-americanas nos Estados Unidos.   Pela regra do "mais forte", o inglês vernáculo afro-americano deveria, com o tempo, a cada geração, ficar mais próximo do inglês padrão.  Mas o que acontece é o contrário!  Nas últimas décadas as pesquisas sociolingüísticas mostram que o inglês vernáculo afro-americano está ficando mais diferente do inglês majoritário.  E isso apesar de as duas variedades estarem em contato constante!  A explicação que é dada é que os jovens afro-americanos querem marcar sua solidariedade com a comunidade afro-americana, e que uma boa maneira de fazer isso é por meio da língua.