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Sociolinguistica_L8B8






3.2 O bilingüismo e a bilingualidade

Da mesma forma que pode haver grandes diferenças na natureza do bilingüismo social entre uma comunidade e outra, também pode haver diferenças entre uma pessoa bilíngüe e outra.
Muitas pessoas acham que uma pessoa bilíngüe é uma pessoa que fala duas línguas perfeitamente bem, como se tivesse duas línguas maternas. Essa condição, de poder falar duas línguas como sua língua materna, é chamada bilingüismo equilibrado. É um tipo de bilingüismo, e não é o mais comum. Nossa definição de bilingüismo é mais ampla. Para nós, um indivíduo bilíngüe é qualquer pessoa que use mais de uma língua para se comunicar, mesmo minimamente. Dessa forma, poderíamos dizer que existem graus de bilingüismo individual. Num extremo, estão os bilíngües equilibrados, fluentes nas duas línguas; no outro extremo os bilíngües precários, que sabem falar algumas palavras e expressões suficientes para se fazer entender, e os semibilíngües, que compreendem (ou que lêem) uma segunda língua, mas que não conseguem falá-la. E existem muitos outros tipos entre os extremos.
Ainda há pessoas que conhecem, em graus diferentes, mais de duas línguas. Em uma das línguas elas podem ser fluentes e letradas, enquanto em outra elas podem ter apenas uma proficiência básica conversacional. O conceito de "bilíngüe" tem que incluir todos esses casos. Só porque uma pessoa não é perfeitamente fluente numa segunda língua não significa que ela não possa ser considerada bilíngüe. Muita gente, mesmo sabendo pouco de uma língua estrangeira, consegue ajudar um estrangeiro, ou até interpretar para ele, com o pouco que sabe.
Também é verdade que a mesma pessoa pode demonstrar variação na sua capacidade de usar duas línguas, dependendo da situação, da pessoa com quem fala, do tópico, do seu estado físico ou emocional e da tarefa a ser executada. O termo bilingualidade faz referência a essa qualidade mais dinâmica da capacidade de uma pessoa ser bilíngüe.