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Sociolinguistica_L8B8






1.5 A morte das línguas

Vimos um exemplo de um fenômeno comum: uma língua (como o latim), quando se espalha por uma grande região geográfica (como a Europa), acaba com o tempo desdobrando-se em novas línguas que não existiam antes (como o francês, o espanhol, o italiano). Esse é um dos processos de formação de novas línguas.
Mas podemos imaginar que, para cada língua que "nasceu" na Europa a partir do latim, dezenas de línguas "morreram". As pessoas que antes falavam outras línguas, acabaram falando uma forma do latim que hoje chamamos espanhol, francês, português, etc. Por exemplo, no tempo do império romano, toda a região do oeste da Europa (norte da Itália, Suíça, parte da Alemanha, França, Bélgica) era chamada Gália pelos romanos. Nessa região, falavam-se várias línguas celtas. Os gauleses resistiram à invasão romana (lembrem-se das aventuras do Asterix (Veja figura), mas no fim foram dominados, e todas as línguas celtas que eles falavam desapareceram.
A mesma coisa aconteceu nas Ilhas Britânicas, quando foram invadidas pelas tribos germânicas a partir do século V. Os povos germânicos massacraram e afugentaram os povos celtas que habitavam a ilha. A língua que resultou da invasão e conquista foi a língua inglesa (uma língua germânica), mas a custo da perda das línguas celtas indígenas da ilha. Hoje só restam línguas celtas nas margens da Inglaterra, no norte da Escócia, na Irlanda e no País de Gales (veja nota 3).
A parte ocidental (ao oeste) da península ibérica também foi colonizada por gauleses, povos de língua celta. É por isso que Portugal se chama porto-gal (porto gaulês), e que a língua falada na parte da Espanha que fica bem ao norte de Portugal se chama galego. Mas o português e o galego são línguas românicas, e não línguas celtas. As línguas dos antigos povos celtas desapareceram.