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Sociolinguistica_L8B8






1.4 A distribuição das línguas

Já comentamos que as línguas mais conhecidas são associadas com grandes civilizações ou impérios. Isso aponta para dois fatos centrais para a sociolingüística: o primeiro é a grande desigualdade demográfica das línguas, e o segundo é a relação estreita entre o poder político de um grupo e o número de falantes da sua língua.
A desigualdade demográfica das línguas pode ser ilustrada com algumas poucas estatísticas. Os falantes de apenas uma língua, o chinês mandarim, somam quase um bilhão de pessoas (quase 15% da população do mundo) (Veja nota 2) Se acrescentarmos as próximas 7 línguas mais faladas no mundo (inglês, espanhol, hindi/urdu, árabe, russo, bengali, português), chega-se a uma porcentagem entre 40 e 45% da população mundial. Se esses 45% da população falam 8 línguas, os próximos 50% falam outras 300 línguas; e os últimos 5% falam as mais de 6.000 línguas restantes.
Isso mostra a grande desigualdade de distribuição das línguas. Enquanto uma língua (chinês mandarim) é falada por quase 1 bilhão de pessoas, existem centenas de línguas que são faladas por menos de 1000 pessoas, ou 100 pessoas, ou mesmo 10 pessoas.
Isso nem sempre foi assim. Antigamente havia muito mais línguas no mundo, apesar de a população ser menor. Cada local, cada grupo, tinha sua língua. A hegemonia das "grandes línguas" começou com a tecnologia da escrita e o estabelecimento das civilizações que dominavam grandes áreas geográficas e impunham suas línguas. Só no Brasil, estima-se que na época do descobrimento havia por volta de 1.175 línguas indígenas. Hoje há pouco mais de 180. Isso quer dizer que, nos últimos 500 anos, com a dominação da civilização européia no Brasil, 1.000 línguas foram perdidas. Ainda hoje dezenas de línguas indígenas brasileiras estão ameaçadas de extinção.