top
Sintaxe L08/B08






Encontramos também vários exemplos no português em que um verbo e o seu argumento interno formam uma expressão idiomática, excluindo o argumento externo, como em (54a) e (54c), mas parece que não encontramos tais expressões envolvendo um sujeito e um verbo, sem o complemento, como a agramaticalidade de (54b) e de (54d) evidenciam.

(54) a. Quebrar a cara
b. *Ele quebrou
c. Bater as botas
d. *Ele bateu

Como podemos observar em (54), expressões idiomáticas podem ser formadas apenas por sintagmas verbais. Isso nos leva a concluir que o verbo e seu argumento interno, que aparecem como verbo e complemento, devem ter uma relação mais estreita (simétrica) do que o verbo e seu argumento externo, ou seja, sujeito e verbo.
Consideremos agora o paradigma em (55).

(55) a. João quebrou o vaso
b. O vaso quebrou/O vaso quebrou-se
c. O vaso foi quebrado (por João)
d.?? O João quebrou

Note-se que o argumento que se mantém nas estruturas em (55) é o interno, o vaso. De (55a) podemos derivar (55b) e (55c), relacionando o verbo quebrar a seu argumento interno, mas não formamos (55d). Logo, parece que o argumento interno é indispensável para a formação das sentenças.