Todas as teorias lingüísticas concordam que uma das principais características das línguas humanas é sua capacidade de criar expressões complexas a partir de unidades lingüísticas simples. Essa capacidade é chamada criatividade lingüística. As línguas têm um número limitado de unidades de vários níveis (fonético, fonológico, morfológico). Entretanto, a partir desse número finito de unidades, as línguas têm uma possibilidade ilimitada de criar novas expressões que simbolizam as mais diferentes conceitualizações. Como se sabe que é impossível para um ser humano memorizar absolutamente todos os enunciados possíveis de sua língua, é necessário admitir a existência de um mecanismo composicional, que permita a construção de expressões novas e complexas a partir de um inventário finito de unidades básicas. Por exemplo, como vocês já estudaram no curso de Morfologia, em português, de um único morfema –or, derivamos várias palavras, a partir de sua composição com diferentes radicais: 'ator', 'cantor', 'trabalhador', 'pintor', 'sofredor', 'amador', etc. O mesmo acontece em outros níveis de análise lingüística. Pensem, por exemplo, na fonética-fonologia das línguas de sinais: quantos sinais da libras são feitos com uma mesma configuração de mão, por exemplo, a configuração em B? Incontáveis! Para explicar essa capacidade que as línguas têm de criar novas unidades lingüísticas a partir de um conjunto finito de elementos, é preciso admitir-se a existência de um princípio de composicionalidade geral, segundo o qual expressões complexas resultam da combinação de unidades menores. Nos estudos do significado, esse princípio de composicionalidade estabelece que o significado de uma expressão complexa resulta do significado de suas partes e da maneira como elas se combinam.