3.3 As limitações de uma semântica baseada na lógica
A seguir, vamos ilustrar alguns pontos em que uma semântica baseada na lógica, apesar da sua grande utilidade, deixa a desejar: a decomposição lexical e a composicionalidade estrita.
3.3.1 A decomposição lexical
Os estudos do significado lingüístico que têm base na lógica estão entre aqueles que procuram marcar uma distinção categórica entre Semântica, de um lado, e Pragmática, de outro. Como vimos na Unidade 1, teorias que são favoráveis a essa separação entendem que a Semântica deveria estudar o significado propriamente lingüístico, aquele que diz respeito às características centrais do conceito associado às expressões, independente dos contextos de uso. A Pragmática, por outro lado, deveria fazer a análise do significado extra-lingüístico, aquele que diz respeito às associações que uma expressão lingüística traz consigo, ou às conclusões que podem ser tiradas a partir de um uso particular de uma expressão lingüística, e que estão diretamente relacionadas ao nosso conhecimento de mundo e ao contexto em que as expressões lingüísticas são usadas. No que diz respeito à delimitação de seu objeto de estudo, as teorias semânticas de base lógica focalizam o estudo do significado dos itens lexicais e das sentenças, deixando de lado tudo aquilo que é externo a eles. Desse modo, essas teorias excluem de seus objetivos o estudo da participação de nosso conhecimento de mundo na construção das conceitualizações, sob o argumento de que esse conhecimento de mundo — também chamado conhecimento enciclopédico — é extra-lingüístico. Desse modo, na perspectiva das teorias semânticas baseadas na lógica, o estudo desse conhecimento deve ficar a cargo da Pragmática.