Essas são sentenças que encontramos na linguagem cotidiana. Em cada uma delas temos uma metáfora: em (27), estamos conceitualizando a pesquisa como algo que tem pernas e que se move; em (28), estamos conceitualizando a mulher do João como um animal selvagem, muito bravo; e, em (29), estamos conceitualizando o sangue humano como algo que pode ferver, a 100 graus centígrados, como uma água em uma chaleira. Vejam, então, como a metáfora é um desafio à tese da composicionalidade estrita. Se fôssemos calcular o significado das sentenças entre (26) e (29) a partir do significado dos itens lexicais que as compõem, elas seriam totalmente sem sentido. Afinal, pele não é fruta, pesquisas não têm pernas para caminhar, mulheres são seres humanos, e não feras, e sangue não ferve! A metonímia também é um problema para a composicionalidade estrita Considerem os seguintes exemplos Por que é que cabelos brancos têm que ser respeitados? Por que não respeitamos também cabelos pretos, castanhos, loiros? Se construirmos o significado da sentença (30) composicionalmente, a partir do significado das expressões que entram em sua constituição, vamos ficar sem entender a conceitualização que o falante está fazendo quando usa a sentença. Na realidade, a expressão 'cabelos brancos' está fazendo referência à velhice, e a experiência que vem com ela.