Observe que para cada RFP que existe na língua existe a RAE correspondente, mas o contrário não é verdadeiro: nem todas as palavras para as quais reconhecemos estrutura interna correspondem a uma regra que permite a formação de palavras novas. Pense, por exemplo, na palavra campestre: é possível identificar nela as partes campo e -estre, mas não é mais possível formar nenhuma palavra nova em -estre. Portanto, não existe uma RFP para -estre, ainda que exista uma RAE que se aplica a campestre, terrestre, silvestre, etc. Há casos ainda em que nem se pode falar de RAE: por exemplo, casebre é uma palavra em que se pode reconhecer estrutura interna (casa e -ebre) mas como não existe nenhuma outra palavra na língua em -ebre, não dizemos neste caso que esta é uma RAE, pois não existe regra que se aplique a uma única forma. O que dissemos até agora sobre as RFPs é só uma pequena parte da conversa. Na verdade, para além de especificar a classe da base (o a que aparece do lado do X em (2a) ali em cima) e doproduto (o b que aparece do lado de Y acima), é preciso também especificar outras propriedades que eventualmente as bases devem ter para poder entrar numa dada RFP ou que os produtos têm quando são resultados desta RFP. No nosso exemplo, não basta que a base seja um verbo, porque nem todos os verbos podem ter um adjetivo em -vel correspondente: chegar – *chegável, correr – *corrível, ser – *sível. A exigência desta RFP sobre a base é a de que ela seja um verbo transitivo direto, isto é, um verbo que tenha objeto direto: lavar pode ser usado nesta RFP porque existem frases como (3a); clonável também é possível porque temos a frase (3b). Mas como (3c) e (3d) não existem, as formações em -vel não são possíveis nestes casos