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Morfologia
Além disso, este autor nota que a derivação é opcional (é voluntária para Varrão!), no sentido de que não existe nenhuma construção sintática ou mesmo situação contextual que obrigue o uso de algum morfema derivacional específico. Pense no uso do diminutivo: não há nenhum contexto sintático ou discursivo que nos obrigue a usar livrinho, pois podemos dizer livro pequeno, por exemplo, sem grande alteração de significado. Mas não há modo de dar a idéia de que se trata de mais de um livro a não ser usando o -s em livros (ao menos na língua padrão). Assim, a flexão tem um caráter de obrigatoriedade que não se vê na derivação.
Os morfemas flexionais têm ainda duas características que os morfemas derivacionais não têm. A primeira delas é que eles estão organizados em paradigmas nas línguas que têm morfologia flexional, o que quer dizer que existe um conjunto coeso de formas, com pouca variação, que se aplica sistematicamente a toda a classe ou subclasse de palavras veiculando certas noções específicas. O plural dos nomes não é o melhor exemplo para a noção de paradigma, porque só há duas formas: o singular e o plural. Mas se tomamos a expressão de tempo/modo e de número/pessoa nos verbos, essa idéia fica mais clara. Observe (2)
O que você vê em (2) é um fragmento do paradigma de um verbo regular da 1a conjugação (em -ar) no modo indicativo em português padrão. Um paradigma é exatamente esse conjunto de formas que um verbo qualquer pode assumir em português padrão (no português brasileiro o paradigma verbal é um pouco diferente). O conjunto exato de formas pode mudar de um verbo para outro, mas sempre existe um conjunto de formas que o verbo pode assumir nas diferentes sentenças da língua. Na Gramática Tradicional este mesmo conceito aparece sob o título de conjugação verbal